
Diferente do esperado nas lavouras de soja, milho e tabaco, a produtividade do arroz, na safra 2019/2020, deve ser satisfatória e pode até superar a média dos últimos anos. O motivo disso, conforme o engenheiro agrônomo do Instituto Riograndense do Arroz (IRGA), José Fernando Rech de Andrade, é o fato de o arroz precisar de luminosidade e calor para o seu desenvolvimento. “Arroz gosta de sol na cabeça e água no pé. Portanto, mesmo com a falta de chuva, as áreas de várzea conseguiram preservar a umidade suficiente para a planta”, explicou.
A maior quebra na safra do arroz se deve ao atraso da semeadura. Em razão das chuvas em excesso e quase ininterruptas do mês de outubro, que é a época indicada para o plantio, o cereal acabou sendo semeado entre o fim de novembro e dezembro. “Isso faz com que a planta perca potencial produtivo”, comentou. Já com a estiagem, a perda mais significativa foi em relação à eficiência dos herbicidas, que combatem as invasoras. Isto é, alguns produtores tiveram custo de produção maior, pois precisaram reaplicar o produto.
Conforme explica o engenheiro agrônomo, a ineficiência acontece porque, com pouca irrigação, não há atividade biológica das plantas. “Os produtores gastaram mais R$ 200,00 por hectare em herbicida e simplesmente não funcionou. Depois que a irrigação normalizou as invasoras reinfestaram e vieram com tudo”, esclareceu.
Apesar disso, a lavoura está se desenvolvendo dentro do esperado. Em alguns pontos até há germinação desuniforme, mas Andrade acredita que seja cedo para dar um parecer sobre prejuízos. Segundo ele, desde o dia 4 de janeiro, a umidade nas lavouras de arroz foi normalizada, de maneira que as chuvas, mesmo isoladas, foram capazes de abastecer os rios e arroios. Esses cursos d’água, por sua vez, forneceram o volume necessário para irrigar as lavouras até o momento.
COLHEITA
Ainda faltam aproximadamente dois meses para o fim do verão. “Esperamos que esse resto de estação venha com muita luminosidade e calor”, apostou. Se isso se confirmar, o potencial de produtividade deve ser ainda maior. “É por isso que eu digo que ainda é muito cedo para se falar em prejuízos causados pela estiagem, quando o assunto é a cultura do arroz”, disse.
Em Candelária, são 7 mil hectares semeados na atual safra. A expectativa é de que a colheita seja iniciada nos primeiros dias de março, com uma média de 150 sacas por hectare. Alguns produtores que conseguiram executar o manejo com mais precisão tem indicativos de que a produtividade possa ser ainda maior. A previsão de término da colheita é final maio deste ano.