Famtour coloca o Caminho dos Tropeiros no roteiro turístico do Estado

Viva Turismo Tchê e empreendedores da rota envolveram mais de 30 pessoas na atividade

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Os guias se encontraram pela manhã no Aqueduto. Último ponto visitado foi a Ponte do Império. Fotos: Heloisa Corrêa/JC

Nessa quarta-feira (22), o Caminho dos Tropeiros foi percorrido por pessoas diferentes, de um jeito diferente. A bordo do tradicional dindinho de Candelária, 31 pessoas ligadas à área de turismo, vindas de diversas regiões do Estado, passearam por cada um dos empreendimentos da rota turística do município, saboreando cada delícia oferecida pelas famílias, ouvindo sobre a história de cada local e se familiarizando com a cultura deixada pelos imigrantes. Afinal, o Famtour organizado pela agência Viva Turismo Tchê teve esse objetivo: apresentar e encantar guias turísticos, agentes de viagem e turismólogos.

O passeio pela rota Caminho dos Tropeiros iniciou às 9h, no Aqueduto. Lá foi o ponto de encontro dos visitantes, que foram recepcionados pela proprietária do local, Silvia Becker, acompanhada da família, com café e cueca virada. Mesmo com o aperitivo, no entanto, o grupo composto por pessoas de Caxias, Viamão, Porto Alegre, Canoas, Montenegro, Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Carlos Barbosa, São Leopoldo e Nova Santa Rita estava ávido para ver de perto os arcos centenários e caminhar sobre a estrutura que levava água para o moinho. Antes, ouviram de Silvia a história da propriedade, do Aqueduto e do início do que seria Candelária.

Para Silvia, a oportunidade de interagir com pessoas ligadas à área do turismo é determinante para o sucesso da rota Caminho dos Tropeiros. Ela espera que, a partir desse Famtour, as visitas sejam alavancadas. Atualmente, Silvia recebe mais ou menos 400 pessoas por mês, principalmente para a produção de books fotográficos. “Estamos cada vez mais explorando cenários para fotos e, também, as redes sociais para atrair turistas”, contou. Ela herdou a propriedade do pai, Eugênio Filter, e, depois de participar de um curso sobre turismo rural, começou a investir no local.

Do Aqueduto, a turma partiu para o Horto Medicinal Girassol, de ônibus. Depois, de dindinho, foram até o Engenho de Serra, à Ponte do Império e ao Museu Rural. O 1º Famtour da Rota dos Tropeiros terminou às 18h15, quando os guias turísticos retornaram ao ponto de encontro inicial. No site do Jornal de Candelária é possível conferir mais fotos e impressões do evento.

Energia do Horto cativou os turistas

O almoço foi no Horto Medicinal Girassol. Os visitantes saborearam o cardápio do Café dos Tropeiros, que já foi servido à comunidade candelariense, com direito a café de chaleira e tudo. No entanto, o que mais chamou a atenção dos guias turísticos foi a forma de acolhida empenhada pela proprietária do horto, Íria Faber. A troca de energias foi tão positiva que o grupo deu um abraço coletivo na empreendedora. “Eu adorei conhecer a Dona Íria. Além disso, tivemos um almoço muito bom, com um atendimento encantador”, pontuou a guia turística e agente de viagens, Aline Garcia Flores.

O espaço oportuniza uma imersão na natureza, com diversos cantinhos repletos de grande biodiversidade. Abelhas sem ferrão também foram atração no local. Além de aprendizado sobre a criação desses insetos, houve degustação do mel produzido por elas. E, como de costume, várias pessoas saíram do Horto Medicinal Girassol com mudas, sementes, chás e bolachas.

O que deixou a desejar, segundo algumas guias mais idosas, foi a precariedade da estrada, que estava coberta de barro devido à chuva. Para facilitar o acesso, os organizadores colocaram tábuas na via. Ao longo de todo trajeto, porém, dava para notar as más condições da estrada, ainda mais a bordo do dindinho. Várias vezes, a falta de roçada às margens do caminho fez com que o mato atingisse os turistas.

FUGA DA ROTINA

A maioria dos profissionais que participaram do Famtour vieram da região metropolitana de Porto Alegre. O passeio pelo Caminho dos Tropeiros, portanto, foi bem diferente da rotina deles. Por isso, a turma apreciou cada detalhe das belas paisagens da região serrana do interior candelariense. Os moradores da localidade também interagiram com os visitantes, acenando e fazendo fotos.

Ao chegar no Engenho de Serra, a maioria ficou boquiaberta com a complexidade da invenção herdada por Deivis e Julia Schmatenberg. Desde que a Viva Turismo Tchê começou a promover ações de revitalização da rota, o casal está mais animado com a ideia de receber turistas na propriedade. “Se a acessibilidade melhorasse, eu acho que aumentaria ainda mais o fluxo de pessoas”, avaliou.

AULA DE HISTÓRIA

Na Ponte do Império, os guias turísticos tiveram uma aula de história. O empreendedor Alfredo Rutsatz, que mantém a área de camping junto à estrutura, contou sobre os relatos que ouvia dos pais e avós. Em relação ao nome Caminho dos Tropeiros, por exemplo, explicou que se deve ao fato de os tropeiros birivas cruzarem por lá para levar e trazer mercadorias de Rio Pardo a Soledade. A ponte foi construída justamente para facilitar o trânsito das tropas, assim como a Estrada de Pedra, que foi a segunda rua calçada do Estado. Rutsatz representa a 7ª geração a dar conta da propriedade.

A sucessão está acontecendo, também, na propriedade de Cláudio Hennig, onde está localizado o Museu Rural e a agroindústria de melado. Por lá, o filho Willian se envolveu na produção de cana-de-açúcar, que é totalmente orgânica, certificada pela Rede Ecovida.

Churrasqueiras, piscinas e outras sugestões

Durante todo o passeio pela Rota dos Tropeiros, os visitantes foram observando cada empreendimento com um olhar técnico, trocando informações entre si e sugerindo melhorias aos organizadores. Além disso, eles responderam uma pesquisa de satisfação sobre cada um dos empreendimentos do roteiro. Entre uma conversa e outra, se ouvia apontamentos de como seria interessante se, no Aqueduto, houvesse churrasqueiras e piscina, para que as pessoas pudessem passar o dia se divertindo no local. Outra pessoa comentou que a rota é perfeita para turismo pedagógico.

A turismóloga Melissa Boff, de Caxias do Sul, se demonstrou preocupada com a atenção dada pelo poder público aos arcos, que completam 150 anos de construção em 2020. Um questionamento dela foi em relação ao tombamento do Aqueduto, que é limitado à esfera municipal. “É um dos maiores marcos da imigração do Rio Grande do Sul, devia ser tombado pelo Estado, até para ter verbas de manutenção”, disse. A dificuldade de acesso à maioria dos empreendimentos também desagradou Melissa. “Mas é um roteiro que tem muito potencial e promover esse turismo local é muito válido”, destacou.

Já a guia e agente de viagens Aline Garcia Flores, de Porto Alegre, se disse surpresa com a riqueza e organização da rota Caminho dos Tropeiros. “São locais simples, mas prontos para receber pessoas. Espaços ideais para quem quer tranquilidade”, comentou. A única dificuldade, do ponto de vista de Aline, é o número de turistas que o roteiro possibilita por vez. Segundo ela, o ideal é que sejam grupos pequenos, com menos de 20 pessoas.

Saiba mais

>> O Paradouro Lago Verde também foi visitado. Apesar de não fazer parte do Caminho dos Tropeiros, a empresa é parceira no fomento do turismo rural local. Conforme a proprietária Josiane Ellwanger Goelzer, a ideia é fornecer informações turísticas a quem passar pela ERS-400, distribuindo folders e outros materiais. Paralelo a isso, o Paradouro Lago Verde fornece água quente gratuita para o preparo do chimarrão, além de comercializar produtos coloniais. “Queremos aumentar o fluxo de turistas, porque isso significa desenvolvimento para o município”, avaliou.

Em fevereiro tem mais um Chá do Horto

A coordenadora de planejamento de eventos da Viva Turismo Tchê, Cibele Silva, disse que ficou muito feliz com a realização do Famtour. Segundo ela, a primeira impressão de pessoas ligadas ao turismo vai ajudar os empreendedores da rota Caminho dos Tropeiros a se prepararem ainda mais para receber turistas. “Fizemos o questionário justamente para isso”, disse. Outra coisa que anima Cibele é o fato de que muitas pessoas garantiram que vão passar a oferecer o roteiro aos clientes, principalmente para escolas.

Para a comunidade candelariense, a Viva Turismo Tchê vai voltar a oferecer uma programação na rota. Trata-se do Chá do Horto, que vai acontecer pela segunda vez, no dia 22 de fevereiro. Os ingressos são limitados e já estão sendo comercializados pelo valor de R$ 22,00.

 

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